Visita de Mãe: Você tá feliz, mamãe?
Hoje recebemos novamente a visita da Talita, mãe do Vinicius que está naquela fase rotulada pelos americanos de “terrible two”. No segundo texto que a Talita escreve aqui para o blog, ela comenta sobre o prazer que os pequenos parecem ter em desafiar os pais. Boa leitura!
Você tá feliz, mamãe? | Por Talita Rodrigues Nunes
– Você tá feliz, mamãe?
De uns tempos para cá o pequeno começou a repetir essa frase com certa frequência. Parece fofo, né? E eu acho fofo, devo confessar… mas o contexto em que ela é dita não é nada meigo.
Normalmente o danadinho confere se eu estou prestando atenção nele, faz algo que sabe que não é permitido e solta a já clássica pergunta: “Você tá feliz, mamãe?”
Mas por que cargas d’água os filhos parecem ter verdadeiro prazer em desafiar os pais?? Por que eles não podem simplesmente aprender pelo exemplo (o que, de fato, fazem) ou se satisfazer com a resposta que é dada uma vez de forma clara?
Não… eles precisam testar seus limites (e os nossos) muitas vezes. Repetidamente. Diariamente.
Os teóricos do desenvolvimento infantil explicam que as crianças aprendem por repetição. Aliás, não só as crianças, mas todos nós. Quando não entendemos o que determinado parágrafo quis dizer, voltamos ao começo e lemos de novo. E de novo, se for preciso.
Até os animais aprendem por repetição. As ditas “novas” técnicas de adestramento valorizam a premiação do comportamento desejado. Estimula-se que o cachorro repita diversas vezes um mesmo comportamento – como sentar, deitar ou dar a pata – e oferece-se um prêmio todas as vezes que ele responde como o esperado.
(vou falar bem baixinho para ninguém ouvir, mas eu vejo muitas semelhanças na forma como lidamos com a minha cachorra e com o meu filho… certamente meu filho é mais inteligente, mas minha cachorra é mais obediente na maioria das vezes)
O fato é que filhos testam seus pais e de várias formas.
Pesquisadores dizem que um bebê pode literalmente bater em alguém diversas vezes só para saber se a reação do agredido será sempre a mesma. Claro que eles poderiam desenvolver o mesmo raciocínio jogando um objeto no chão (o que eles também fazem, milhões de vezes por dia), mas imagino que achem bem mais divertido dar um tapa.
Pois bem, meu filhote está na fase rotulada pelos americanos de “terrible two” (literalmente “terríveis dois”). Dois anos de muita sapequice e muitos “testes”. Se ele já fazia suas pesquisas como a citada acima como bebê, imaginem agora, que fala pelos cotovelos?! Eu não sei de onde ele tira tanto argumento!
Parece que não tem jeito mesmo: temos que conviver com as repetições e os testes. Resta-nos rezar para que o pequeno adquira o aprendizado logo – o que levará a uma nova fase – ou ter paciência e nos divertir nesse percurso.
E não é só a mamãe que sofre… os testes também são realizados com o papai, com os brinquedos, com a plantinha da sacada, com a pobre da cachorra, com as almofadas da vovó, com os carrinhos de coleção do vovô… É pesquisa que não acaba mais!
E se a resposta obtida é diferente da esperada, o interlocutor é corrigido. “Não é assim, mamãe! Só o papai que sabe!” – jogar bola de calcanhar, no caso. “Ó! A Loly saiu!” – depois da milésima vez em que ele jogou uma bola para a cachorrinha pegar, mas acaba acertando a cabeça da coitada.
Parece que não tem jeito mesmo: temos que conviver com as repetições e os testes. Resta-nos rezar para que o pequeno adquira o aprendizado logo – o que levará a uma nova fase – ou ter paciência e nos divertir nesse percurso.
Sim, porque depois de assistir 327 vezes ao mesmo filme, tudo bem se o pequeno do seu lado te contar o final da história já nos primeiros 10 minutos de sessão. E o garçom vai entender quando a gente pedir “camarrão” – ao invés de “macarrão” – de tanto ouvir o filho chamar assim. E não tem como segurar o riso quando alguém se apresenta com o mesmo nome de um personagem infantil conhecido em casa, ao cruzar o olhar com seu marido e perceber que ele fez a mesma relação.
Então, depois de levar uma bolada na canela – mesmo que ainda seja a primeira do dia – e ouvir aquela vozinha (que eu amo!) dizendo: “você tá feliz, mamãe?”, eu respondo: “não filho, tu me machucasse”. Eu espero – até ansiosamente – pela sequência da cena que é ver o pequeno parar de correr (!!!) e me dar um beijo na perna: “e agora você tá feliz, mamãe?”.
E além do nosso imenso amor um pelo outro, só tenho uma certeza: essa cena ainda vai se repetir muitas e muitas vezes (ui!).
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– Confusão de cabeça de mãe: Leia aqui o primeiro texto que a Talita escreveu para o blog.
– Visita de Mãe: Veja aqui os textos da nossa coluna em que outras mães compartilham suas experiências. Quer participar também? Entre em contato com a gente.
Olá. Também gostaria de participar, com um texto para o blog. É possível?
Oi, Lilian! Claro! Te mandarei um e-mail para combinarmos! 😉
Oba! Mais gente bacana por aqui!
Adorei o texto Talita. Ainda não sou mamãe pessoal, mas acompanhei a fase da gestação do tão esperado Vinicius e alguns testes desse menininho lindo. E com certeza me espelharei na postura da mamãe Talita que consegue ser doce e firme ao mesmo tempo. Beijos e parabéns pelo blog.
Obrigada pelas palavras e pelo carinho, Sa! Te queremos sempre por perto! 😉