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Barriga de grávida não tem dona

Postado em 30/04/2015 por em Gravidez | 7 comentários

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Crédito: Eduardo Beltrame

Eu não sei por que as pessoas gostam de fazer comentários sobre tudo para as grávidas. Talvez é aquela velha necessidade que muitos têm de puxar conversa, de tentar ser simpáticos, de achar que o silêncio é incômodo… Eu não vejo problema em deixar tudo quieto, até aprecio momentos assim. Ainda que essas situações ocorram independentemente de você estar ou não grávida, parece que a gravidez atiça a vontade das pessoas – mesmo as desconhecidas – de conversarem contigo.

Podem ser os tais hormônios da gravidez que interferiram no meu humor – que eu sinceramente não percebi muito (nem meu marido) -, mas eu preciso falar o quanto achei chato sair e ficar ouvindo como a barriga estava grande, ou como não estava, ou pra quando era, qual o sexo, qual o nome, se já tinha pensado no parto…. Ouvir isso de familiares e amigos é esperado. Agora ter que ouvir isso da atendente do mercado que nunca te viu, do colega de trabalho que quase nunca fala contigo e de qualquer pessoa que não tenha a menor intimidade é de testar a paciência.

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Crédito: Eduardo Beltrame

Oras, é claro que a barriga vai aparecer, tem um bebê crescendo dentro dela. Evite dizer que ela está grande – o que para uma grávida pode soar como “você está gorda e não é só do bebê” ou que ela está pequena, o que pode frustrar outra que acha que seu nível de gravidez é proporcional ao tamanho da barriga. Não fale nada a não ser que seja consultado pela própria grávida. A barriga está lá, tal como o bebê, e pronto.

Já falamos da barriga, pois vamos falar dos seios também. Lembro quando uma amiga minha estava grávida e, ao chegar num restaurante, a namorada de outro amigo (que não era nem um pouco próxima dela) pegou em seus seios e disse algo do tipo: “Nossa, que peitão!”. Tem gente sem noção nesse mundo, não? Sim, tem gente que fica com peitão, afinal, o leite materno tem que sair por algum lugar, não é mesmo? Tem gente que não fica, o que não quer dizer que não vai ter leite. Deixem cada um com seus seios que a natureza sabe o que faz.

Percebam que não basta falar, as pessoas querem te tocar. Está certo que só as muito fora da casinha vão apertar teus peitos, como a dita cuja acima, mas passar a mão na barriga (uma barriga com a qual você nunca conviveu) vira algo normal. Amigos e familiares têm carta branca, tudo bem. E vamos pensar que a passada de mão na barriga por desconhecidos ou pessoas não próximas transmita boas vibrações e desejos positivos para o bebê, mas eu realmente não me sentia à vontade quando isso acontecia (como uma vez que um atendente de um café que eu nunca tinha visto se levantou do caixa só para tocar na minha barriga enquanto eu tirava o cartão da bolsa para pagar o pedido).

Eu admito que não sou uma pessoa com um perfil muito sociável, o que pode explicar minha aversão a esse tipo de conversa. Imagino que tenha grávida que adora compartilhar cada dia da gestação – e não apenas em conversas com familiares e amigos, mas com todos aqueles que as mídias sociais puderem atingir- e que aprecie dar e ouvir conselhos. Eu não sentia essa necessidade e, pelo contrário, não gostava de situações desse tipo com muita exposição (e agora cá estou eu com um blog, vejam só quem diria :P). Por outro lado, fico feliz por saber que tem gente que gosta disso, pois encontrei – e ainda encontro – muitos relatos e dicas interessantes em seus blogs.

A maternidade é realmente um momento lindo, mas a maneira como ela será vivida e exposta por cada pessoa é diferente. Entenda e respeite isso.

Confesso que há pessoas que evitei na gravidez para não ter que ficar ouvindo certas coisas. Eu me informei na internet, com meu médico, no curso de gestante, com a família e com os amigos mais próximos. Mas o principal é que eu me informei quando eu quis e não precisava de ninguém me dando opiniões gratuitas que eu nem pedi.

Compartilhei minha experiência quando tinha vontade e com os mais próximos ( e quando é dessa forma eu realmente curto muito). Acho que família e amigos têm a liberdade para perguntar tudo e dividir impressões sobre o tema (que às vezes eles só foram atrás por sua causa <3). Mas se você não é próximo(a) da pessoa que está grávida, deixe de ser metido (a) – o gênero feminino é muito mais forte nesse caso, convenhamos – e pare de fazer perguntas e comentários desnecessários. Se a grávida quiser falar, ela irá falar. E se ela te der a liberdade, aí sim fique à vontade para fazer suas observações e dar seus conselhos. Caso contrário, seja simpático(a), apenas sorria, cumprimente, mas não crie uma conversa quando não há necessidade. Eu entendo que haja curiosidade, mas existe um limite entre ser curioso e ser inconveniente. #prontofalei

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Crédito: Eduardo Beltrame

A maternidade é realmente um momento lindo, mas a maneira como ela será vivida e exposta por cada pessoa é diferente. Entenda e respeite isso. Tudo bem que eu gosto de um mundo com quietos e introvertidos e, de maneira geral, ele não é assim. O que também é bom, porque tenho amigos extrovertidos (a própria Ju, outra autora deste blog) que me divertem muito, me fazem muito bem e até, algumas vezes, falam por mim (poupando-me de alguma exposição que eu não queira). Mas se não podemos ficar cada um na sua, que saibamos quando e com quem podemos ter essa intimidade.

Apesar de tudo isso que falei, como eu sei que a noção e o bom senso não existem para muitos, eu pedia muito durante a gravidez: “Deus, dai-me paciência!”. Aliás, Deus é tão sábio que faz da gravidez um treino para os palpiteiros que virão na criação dos filhos do início ao fim. De fato, não é fácil, mas o motivo que faz tudo isso acontecer compensa qualquer outra coisa. Afinal, gerar uma vida é mágico mesmo e não há nada igual. E quando penso nesse serzinho que estava dentro de mim, até me esqueço de tudo isso e penso em deletar isso que escrevi e que me parece nada diante da grandiosidade que é tê-lo nos meus braços.

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7 Comments

  1. Eu sabia que tu ia contar a história dos peitos hehehe. Ainda bem que eu me contive Cela, assim eu evito histórias verídicas minhas por aqui ! 😉 Por outro lado depois que lhe conheci vejo a importância em saber um pouco mais sobre as pessoas antes de dar uma opinião ou interagir, pois também tenho os meus dias de não querer falar com ninguém e nunca havia parado pra pensar sobre isso. E a gravidez é algo íntimo e pessoal nunca saberemos o que passa no corpo e mente da mamãe, por mais que ela seja próxima… saúde e paz pra você e pro nosso pequeno amiguinho sempre…

  2. Oi Marcela,
    Fantástico teu artigo que é uma experiência de vida.
    E concordo contigo que hoje em dia as pessoas não tem bom senso e isso me incomoda muito em várias situações.
    Saudades de vocês da Dircom!
    Beijão!

  3. Julio, eu não revelo o nome das fontes, só as uso como inspirações rsrs Fica tranquilo que não há nada que te envolva!:P E Deus há de dosar o teu jeito “grosso” de ser em alguns momentos (nunca fosse comigo) quando a Aninha engravidar, hein?! Ficamos bem sensíveis e você terá que cuidar com isso! hehehe Obrigada pela mensagem! Ju, saudade também! Obrigada pelo comentário! beijos

  4. Eu tb sou bem assim na minha.. e tive que aturar cada coisa na minha gravidez!!!
    Parabéns pelo blog!

  5. Ufa, ainda bem que vc gosta de alguns seres extrovertidos!
    Adorei o post e achei bem justo…mas que dá vontade de tocar na barriga da gestante…isso dá. Já diziam que brasileiro “vê com a mão”. Mas eu me seguro e deixo a vontade passar…
    Gi

  6. É mesmo paradoxal uma pessoa que pensa desse jeito ter um blog sobre maternidade hehehe Mas o texto, para variar, está muito bem escrito. Parabéns, querida.
    Preciso confessar que eu não me importava muito com a “passação” de mão na barriga… a gravidez foi a época em que me sentia mais linda! Mas que não passe para outras partes além da barriga! E os cometários esdrúxulos também são desnecessários 😉

    • Oi, Talita! Para você ver como a maternidade nos transforma, né? E eu, reservada como sou, resolvo fazer um blog! Sim, tão paradoxal que, às vezes, fico com receio de expor o eu que eu penso….mas quando acho que pode ajudar uma mãe que seja, já acho que vale a pena. E só por esta troca que estamos tendo, já acho que está sendo válido. 😉 Beijos!

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