A dor do primeiro mês
Um dos posts campeões de audiência do blog é o que eu escrevi sobre a experiência do primeiro mês do Gabriel. Mães de primeira viagem (a maioria, eu suspeito) devem se identificar. Eis que chegou o segundo filho e devo dizer que os primeiros 30 dias com o bebê nº2 no colo foram sim mais tranquilos. O que não quer dizer que não foi difícil…
Lógico que cada bebê tem um temperamento e uns podem ser mais calmos do que outros e isso faz toda a diferença no nível do desespero da recém mãe. Mas vejo alguns fatores que fizeram com que o primeiro mês fosse mais leve pra mim desta vez:
– Experiência: sim, termos passado por isso antes faz toda diferença. A experiência nos deixa mais tranquilas porque já sabemos o que fazer e essa tranquilidade, eu acredito, passa para o bebê que fica mais calmo. Não senti desta vez aquele sentimento de desespero de ter um bebê e não ter ideia do que fazer para acalmá-lo. Saber o que esperar (privação de sono, por exemplo) já nos deixa mais preparadas para o que está acontecendo.
– Livre-demanda: como contei neste post, não fiz livre demanda na amamentação do Gabriel desde o começo e acho que isso fez com que ele fosse um bebê bem mais chorão. Com o Bernardo, desde o início, é peito pra tudo, sem horários, sem controle. Peito é alimento, é aconchego, e isso tem tornado o nosso dia a dia bem mais sossegado.
– Parto: como contei aqui, Bernardo nasceu num lindo e rápido parto natural em que não precisei levar nenhum ponto. Isso fez com que fisicamente e emocionalmente eu estivesse bem melhor do que na primeira vez no pós-parto e mais disposta para me dedicar ao pequeno. Lembro que, nos primeiros 30 dias com o Gabriel, eu estava super fraca (tive anemia por causa da perda de sangue) e não conseguia ficar muito tempo em pé sem me cansar. Junte isso a um bebê que precisava ser embalado às vezes por uma hora para se acalmar e pensa no meu estado. Com certeza, ter o parto como tive agora me ajudou a encarar esse começo com muito mais disposição.
Se por um lado esses fatores tornaram o começo mais fácil, devo dizer que algumas dificuldades também se mantiveram e novas também surgiram. O início da amamentação foi difícil igual. Mesmo eu tendo parado de amamentar o Gabriel recentemente (há uns seis meses), tive fissuras – até mais do que da primeira vez – e as primeiras três semanas de amamentação foram bem doloridas, de eu ver estrelas a cada mamada. Mas aí fiz um intensivão usando luz infravermelha, protetor para seios cicatrizante e até passando o próprio leite materno (tudo com orientação profissional). E eu sabia que ia passar, só tinha que aguentar um pouco.
A privação de sono, por mais que a gente já tenha passado por isso e saiba que faz parte, é terrível igual. Ainda mais considerando que há um ano eu já dormia a noite toda porque o Gabriel já estava com uma boa rotina do sono.
Acho que a maior (e nova) dificuldade desta vez foi ter que equilibrar a atenção entre dois filhos. Gabriel e Bernardo possuem apenas dois anos de diferença. Se por um lado o Bê precisa de cuidados por ser um recém-nascido, o Gabriel precisa de atenção em função da idade e da mudança que está sendo tudo isso pra ele.
O início foi meio tumultuado como já esperávamos. Na primeira vez que conheceu o irmão na maternidade, Gabriel deixou um arranhão no rosto do caçula que chegou a sangrar. Não foi por querer, mas aconteceu e fiquei sentida pelos dois. Isso que fizemos várias coisas recomendas em textos por aí: dar um presente como se fosse do irmão, não estar com o bebê no colo quando ele chegasse, etc… Mas sabíamos que ele teria ciúmes, normal.
Com o passar dos dias, Gabriel foi entendendo melhor e ficando bem carinhoso e toda hora quer dar beijinho no irmão e segurá-lo no colo. Claro que vez e outra ele larga um tapinha no irmão ou até joga um brinquedo e temos que ficar sempre de olho, mas até que achei que o Gabriel foi bem mais tranquilo em relação ao irmão do que eu esperava.
Difícil mesmo foi (e continua sendo) ter que negar colo ou atenção para o Gabriel porque tenho que amamentar o Bernardo ou dar banho nele ou algum outro cuidado. Fizemos uma rotina de modo a conseguir dar atenção para o Gabriel sempre que ele estiver em casa, principalmente durante a semana em que ele tem ficado tempo integral na escola. Dou o banho e coloco o Bernardo pra dormir antes de o Gabriel voltar da escola para quando ele chegar eu consegui ficar só com ele brincando, dando janta, acompanhando o banho (que ele toma com meu marido) e colocando para dormir.
Tem funcionado, mas alguns dias o Bernardo acorda e vou atendê-lo e não consigo participar desta rotina da noite com o Gabriel que é praticamente o único tempo que tenho com ele na semana. E confesso que isso é sofrido. Se no primeiro mês do Gabriel eu chorava de desespero, desta vez, na primeira semana meu choro foi de culpa e até tristeza por não conseguir dar a atenção pro mais velho.
Mas enfim terminou o primeiro mês e o balanço é bem mais positivo do que da primeira vez. O primeiro mês passou bem mais rápido desta vez, o que me faz lembrar de aproveitar novamente cada segundo e cada instante com eles. Que venham os próximos meses, pois a aventura como mãe de dois está só começando! <3 <3
Nossa!! Parece que vc escreveu minha experiência! Foi exatamente igual pra mim! Muito bom o texto!!
Acho que grande parte da ansiedade materna no primeiro mês é não saber quanto tempo o caos vai durar. Ter essa experiência prévia não deve diminuir o caos, mas deve ajudar a reduzir a ansiedade, né?