O melhor do primeiro mês
Eu queria dizer que os primeiros 30 dias com o bebê tão sonhado nos braços são maravilhosos. Que vocês irão se olhar e será amor à primeira vista. Que um amor avassalador irá te invadir e você se sentirá uma super mulher. Que ser mãe será instintivo a partir do momento que aquele ser tão frágil e sonhado sair de você. Desculpa, eu queria dizer tudo isso, mas seria mentira. A verdade é: o melhor do primeiro mês é que ele passa.
Ouvi essa verdade de uma amiga do meu marido que teve uma filha uns três meses antes de mim. E essa foi a melhor definição do primeiro mês pra mim, pena que só ouvi depois de ter passado por ele – acho que a angústia teria sido menor. É claro que ser mãe é maravilhoso e ter o bebê conosco foi tudo com o que sonhamos por tanto tempo, mas vou dizer que esse primeiro mês (no meu caso, eu diria até os três primeiros meses) foi de acabar.
Durante a gravidez, eu tinha lido um texto da Denise no blog Bem que se quis sobre o puerpério (esse período pós-parto) e pensei: “Nossa, deve ser um período difícil”! Mas ler sobre o que viria não amenizou na prática o que vivenciei logo mais.
Por mais que a gente ache que possa se preparar para a privação de sono (e olha que eu tive 30 anos muito bem dormidos, pena que não é possível estocar o sono ao longo da vida), não conseguir dormir por mais de duas horas seguidas no começo é desesperador. Por mais que a gente leia que amamentar é dolorido no início, sentir isso na pele é de doer literalmente e obviamente. Por mais que a gente saiba que as terríveis cólicas costumam atacar os bebê a partir de 15 dias até os três primeiros meses (aqui atacou e muito durante todo esse tempo), embalar seu bebê aos berros praticamente todo dia por causa desse incômodo que você não tem como evitar (só tenta amenizar), é triste e doído para ambas as partes.
E por falar em tristeza, tem o tal do baby blues que a Ju já comentou por aqui (leia o post dela) e que eu também tive, o que me fez chorar muito no primeiro mês. Eu olhava meu filho e chorava. Meu marido me dava oi e eu chorava. Alguém me perguntava se eu estava bem e eu chorava. Era um misto de medo, de desespero, de tristeza sem motivo, pois o meu sonho estava em meus braços e eu estava ao mesmo tempo tão feliz, grata e admirada por isso…
O melhor do primeiro mês é que ele passa, verdade. Mas ele fica registrado em fotos (e quantas belas fotos que mostram toda a parte boa) e, principalmente, na nossa memória para nos lembrarmos de que ser mãe não é fácil, mas é maravilhoso.
Um dia, nesse primeiro mês, meu marido chegou do trabalho e eu estava amamentando. Ele me deu oi e eu, pra variar, comecei a chorar e disse: “Acho que esse negócio de ser mãe não é pra mim.” Eu que sempre sonhei com a maternidade disse uma coisa dessas… Sim, foi no calor da emoção e do caos do puerpério. Hoje, ser mãe se tornou o sentido da minha vida como eu tanto sonhava e imaginei que seria.
Quando me falavam que eu ia sentir saudade desses primeiros meses, eu só pensava: não, não vou. Confesso que até desejei que o dia passasse mais rápido algumas vezes… E não é que hoje eu sinto saudade mesmo?! Não da exaustão e do sentimento de desespero de não saber o que fazer para acalmar o meu filho, mas de ter meu bebê nos ombros dormindo, tão pequenininho, ou no colo, quietinho, depois de muitos minutos (quase uma hora, sem brincadeira) de choro. Sinto falta dos cerca de 30 minutos em que eu ficava sentada no sofá amamentando e tinha um descanso para poder ver até um seriado na TV (hoje a mamada é express e não dura cinco minutos). Sinto saudade da época em que ele cabia todo dentro do sling, sem nenhuma perninha pra fora. Sinto falta de quando eu o colocava deitado na minha perna e ele (além de caber por completo e esticado) ficava paradinho enquanto eu o admirava.
Eu sempre quis ter mais de um filho, mas no primeiro mês eu cheguei a dizer para meu marido que achava que só teria o Gabriel mesmo, tamanho era meu cansaço e receio em não saber se estava fazendo a coisa certa. Mas hoje já sinto saudade de ter um bebê pequeno e até sonho com mais um (muita calma nessa hora, só em pensamento ainda).
A verdade é que o começo é (foi) difícil sim para a maioria das mães que conheço. Por mais que a gente ache que está se preparando durante a gestação, nunca estaremos prontas até vivenciar e aprender na prática. Não deixa de ser um período de luto pela gravidez que acabou e pela mulher sem filhos que deixamos pra trás. Temos que nos permitir chorar mesmo.
Esse período inicial passa e tudo só melhora. Primeiro, porque a parte hormonal se estabiliza (tchau, baby blues), a tristeza vai embora e o choro volta a ser mais controlado (se isso continuar por muito tempo, pode ser depressão pós-parto e aí é bom consultar um médico). Depois porque dia após dia você e seu bebê vão se conhecendo mais e você vai ganhando confiança e aprendendo a ser mãe. É uma adaptação a um novo mundo para ambas as partes. E aquele amor, que pode não ter sido tão avassalador quanto você imaginava no primeiro minuto, vai crescendo e dominando o seu coração e a sua vida. É progressivo! Parece que a cada dia amamos mais e mais o nosso tesouro. Tudo ao seu tempo!
O melhor do primeiro mês é que ele passa, verdade. Mas ele fica registrado em fotos (e quantas belas fotos que mostram toda a parte boa) e, principalmente, na nossa memória para nos lembrarmos de que ser mãe não é fácil, mas é maravilhoso. E se a saudade aparece é porque o que passou também foi bom. E como foi bom (e está sendo cada vez mais)! <3
<3 <3 <3
Se você dedicou o seu tempo e leu esse post até o fim, muito obrigada mesmo! Aproveite o embalo e leia também estes textos que complementam a temática, caso você tenha ainda mais tempo e interesse:
– Sobre o luto do puerpério: texto sobre se permitir chorar do Vila Mamífera.
– Sobre o amor que não surge à primeira vista: texto da Bia para o blog Agora sou mãe.
– Sobre aproveitar cada fase: Nesta semana, na nossa coluna Visita de Mãe, a Geisa falou (veja aqui) sobre como se deu conta de que sua filha já não é mais um bebê. Sim, o tempo passa rápido. Aquele conselho de aproveitar muito cada dia porque o tempo voa é um dos mais valiosos – mesmo os dias cansativos e em que você se sente perdida. Afinal, mesmo esses dias ajudam para que o caminho seja encontrado e para que você siga adiante.
0 Comments
Trackbacks/Pingbacks